quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ética do ator

   Pensar em ética no trabalho do ator é uma coisa um tanto complicada. Primeiro porque vivemos num mundo onde parece não existir ética. Depois, me parece que o ser humano tem um poder de auto-sabotagem que ele mesmo desconhece. Somos todos vítimas e algozes de tudo que criamos. E tudo tem seu preço.

   Na corrida pela sobrevivência, percebe-se que sobrevive aquele que é o mais forte. Ou o que tem mais contatos, em nosso caso. O meio mercadológico, que transformou os atores em um mercado de altíssimo luxo, preza pela imagem que o artista cria e trabalha. Aquele que mais vende sempre tem espaço no meio televisivo, no cinema e no teatro. Estes são meios de trabalho para que o artista possa ter um retorno financeiro. Muito difícil àquele que vive de passar chapéu ter sua casa própria e seu carro na garagem.

   Maquiavel dizia que os fins justificam os meios. E me parece que mais da metade da população terráquea concorda com essa ideia maquiavélica. Por que os atores estariam fora dessa? Desde quando alguém tem o espírito evoluído puramente por ter escolhido trabalhar com sua sensibilidade? Cada um tem o seu processo. Em nossa profissão, muitas vezes conhecer o autor, ou o diretor influencia na hora da decisão de um papel. Claro, estes darão a preferência em trabalhar com alguém que seja de confiança. Não questiono esta forma de trabalhar. Questiono as reações em cadeia que se desenvolvem a partir deste sistema de relações. Pessoas podem se sentir prejudicadas por serem excluídas de um processo seletivo de trabalho por simplesmente serem opções para um determinado papel. Internamente, não é do controle de ninguém o sentimento que ela vai emanar. Pode sair de dentro dela qualquer coisa.

   Por se tratar de humanidade, é quase impossível não pensar: por que as coisas acontecem pra ele e pra mim não acontece?

   Porque nem sempre querer é poder. Insatisfação crônica deve ser resolvida com terapia nos dias de hoje. Tem pessoas que se tratam até com remédios que causam dependência física. Creio eu que cada um tem sua história, seu percurso e sua importância num contexto coletivo. O verdadeiro ator é aquele que consegue viver o presente, desapegado do futuro e do passado. Talvez a fome pelo que se projeta seja a responsável pelas desavenças entre colegas da mesma profissão. Tudo tem seu próprio tempo, e a vida é desencadeada através das ações de quem as executa. Inveja, sabotagem, ausência de generosidade, pobreza de alma. Quem emana esses sentimentos aconselho a procurar urgentemente um terapeuta. Estes sentimentos afetam o desempenho da verdade que é posta na hora da cena e apagam o brilho que o ator deve irradiar. Bons atores são aqueles bem resolvidos consigo mesmos.

   O papel da vida de um ator não surge de acordo com sua vontade. O papel vem no momento dele. O artista não tem controle das oportunidades empresariais que pra ele surgem, a não ser que ele mesmo tenha espírito empreendedor para produzir o seu espetáculo. A vida acontece.
   
   Espelhado na natureza, a semente é plantada, cuidada, cresce, brotam as folhas e só depois floresce.  A mesma coisa acontece com as ações praticadas dia após dia. Tudo que vem fácil demais já é comprovado que vai embora fácil demais também. O universo tem seu tempo, e ele deve ser respeitado. Afinal, que somos nós, se não reles habitantes do planeta Terra. Ás vezes (sempre!) nos colocamos em relação superior ao tempo, o que é um grande erro.
    
  Se nossos colegas humanos buscassem controlar suas mentes e suas vontades, talvez não houvesse tanta desavença no mundo. Faltam amor e consciência da complexidade da vida. É um exercício diário sair de dentro de si e se perceber como parte de um coletivo que está na ativa, em busca de uma evolução espiritual e material. É um exercício muito difícil, pois a todo o momento estamos nos deparando com situações que somos obrigados a vendar os olhos pra muita coisa de errado e fazer vista grossa. Começa lá em cima, nos ministérios e palácios. Passa pela fome e falta de educação do povo brasileiro. Chega a nossas casas. Educação é o que falta. Sem educação as pessoas não tem bom senso. E sem o bom senso, não tem como conviver coletivamente.




terça-feira, 1 de outubro de 2013

passarinho

voa, passarinho. canta de manhã cedinho. eles passarão.

pequeno e grande. forte e fraco. bom e mal. rico e pobre. feliz e triste. terror e piedade. ignorante e inteligente. chique e cafona. generoso e egoísta. pirado e iluminado. devagar e rápido.

bate asas passarinho, que eu quero voar.

estou tudo isso e nada disso.

paz, amor, fé e beleza são os 4 mandamentos da serenidade. 

amanhã é outro dia. vai ser outro sol. que seja...