segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Post de Natal

Pois é! O tempo passa e nós seguimos com ele. Ele não volta. Cheguei ontem no Rio! Vim de Salvador cheio de vontades, esperanças e expectativas. A maior de todas as vontades era de engolir o mundo, devorar tudo que aparecesse na minha frente. Muita energia, fome de vida. Esse ontem tem 2 anos. Muita vida já passou neste pequeno grande tempo, muita vida estou vivendo exatamente agora e muita vida ainda está por vir (com a graça de Deus!). Hoje é Natal. Inevitável não refletir e pensar na posição que estou ocupando no mundo. Não quero nada que não seja necessário. Caixas só servem para acumular lixo e chamar baratas. Tenho pavor de caixas vazias que de nada me servem. Vivo um eterno Natal, o tempo inteiro sou presenteado pelas forças positivas do universo, tenho sorte de percorrer um caminho de sorte. Sou feliz por ter uma base familiar incrível, uma super mãe, super irmãos e uma super avó. Super amigos de longas datas. Super amigos de pequenas grandes datas. Vivo o amor, a outra pessoa, tento compartilhar o menos eu e mais o outro. Busco a minha evolução, tanto na vida física como na vida espiritual. 

Quero de coração desejar a todos um novo ciclo de Paz, Serenidade, Consciência, Bondade, Atenção, Felicidade e muito Amor!

Que a magia do infinito proporcione o melhor para cada um de nós.

Um Natal bem Feliz meus amores!
Um cheiro.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Nigrinhagem

Cena 1


SIRLEIDE


FERNANDA

CRIANÇA

CÁSSIO



Música ambiente de loja. As duas vendedoras (Fernanda e Jô) já estão em cena. Fernanda atrás do balcão fazendo contas e Jô organizando algumas roupas na loja.


Fernanda – Nossa... Olha uma cliente vem chegando.


Jô – Minha vez. Vou lá.


Sirleide entra na loja. Tira os óculos do rosto e põe na cabeça. Cássio entra logo em seguida, ajeitando o terno e pegando o iPhone.


Jô – Tudo bem? Bem vinda a...


Sirleide – Tudo bem, minha flor?


Jô – Tudo em paz. Adorei o anel!


Sirleide – Fino, né? Esse daqui eu comprei na Estemi e esse daqui na Tifane.


Jô – São maravilhosos... Então, me chamo Joana. Conhece nossa loja?


Sirleide – Ah, sim! Nessa daqui eu nunca vim, mas minhas amigas já vieram várias vezes! Aqui é bem fino né? Bonita a cor da parede!


Jô – (Risos discretos) Obrigada. Pode ficar a vontade! Aceita um café, uma água...


Sirleide – Ah, uma água. Esse calor tá demais!


Jô – Temos prosseco também. Prefere?


Sirleide – Prosseco? Champagne? Né sidra não, né?! Que arraso! Eu quero um copo!


Jô – Nanda, pede a copeira uma taça de prosseco para a dona...


Sirleide – Sirleide!


Jô – Sirleide...


Fernanda – Pode deixar...


Sirleide – Sim minha flor, tô procurando um vestido desses bem elegantes, sabe. Bonitos, com babado, laços, lantejoulas...


Jô – Algum evento imporante?


Sirleide – É a formatura do meu afilhado! Tá terminando Educação Física, lá em Salvador. Vai tá o prefeito, o governador e toda a chiqueirada da Bahia.


Jô – Tem um que você vai adorar!


Sirleide – Cadê, deixa eu ver (pega o vestido da mão da vendedora)?


Jô – Esse daqui. Agora no verão está se usando bastante este tecido, que é meio metálico.


Sirleide – Oxe! Todo amassado assim? Tem ferro pra passar não?


Jô – É assim mesmo senhora. Com um salto scarpin preto ou prata fica show!


Sirleide – Minha sobrinha me deu um salto de acrílico que tá bem na moda. Fico quase um metro mais alta com ele. Tava pensando em usar!


Jô – Acrilico já foi, gata... Já é demodê. Um scarpin e um jóia é o bastante para esta produção!


Sirleide – E o vestido com lantejola. Você tem aí? Deixa eu ver esses daqui...


Jô – Aí é a sessão das blusas.


Sirleide – Menina do céu! Tenho uma caçola igual a essa!


Jô – Isso não é uma peça íntima, senhora...


Fernanda entra com duas taças de prosseco.


Fernanda – Desculpa, qual seu nome mesmo?


Sirleide – Sirleide! Cadê a sua taça, coisinha?


Fernanada – Tudo bem, vou fazer só um brinde com vocês também.


Criança – Oh mainha, tô com fome!


Sirlene – Mas agora? A gente acabou de sair de casa, já tá com fome?


Criança – Eu tô. Bora passar alí no Mcdonalds.


Sirlene – Essas criança de hoje parece que tem verme na barriga pra comer merenda. Nunca ví! Oxente, Neuza. Tu comeu um prato de comida quando saiu de casa e trouxe um pacote de bulacha creme craque!


Criança – Ooh, mainha... Vamo alí no Mcdonalds!


Sirleide – Olha, vc não me encha a paciência que hoje eu tô neuvosa! Não me deixe neuvosa não!


Criança – Ooh mainha...


Sirleide – Vá lá encher o saco do teu pai, que só parece querer chocar ovo! Se saia, viu, se saia! Nem comece.


Criança – Ooh painho...


Sirleide – Que nada! Essas criança de hoje em dia você não pode dar um pingo de osadia que fica tudo cheia de dengo! Mainha pra lá, painho pra cá. Oh coisinha, você que é nova, toma cuidado viu!


Jô – Sua filha é uma fofa!


Sirleide – Ela é ótima. Mas quando dá pra danar... Mas sim. Vamos ver a roupa da minha festa. Então queria uma coisa mais assim, sabe... Assim... Fashion! Da moda! Irado como vocês dizem.


Jô – Essa daqui foi sucesso da coleção. Olha a estampa, que charme!


Sirleide – Vixe minha filha. Vou parecer um gás com isso! Tem nada de lantejola aí não, que nem a da Colci?


Fernanda – Um brindezinho ao sucesso!


Sirleide – Ao sucesso, ao dinheeeeiro e ao brilhooo! O primeiro vai pro santo!


Fernanda e Jô se olham, com um sorriso meio constrangido. Sirleide bebe o primeiro gole e já fica alegre.


Fernanda – Está tudo bem? Jô, precisando de qualquer coisa, é só chamar, ok?


Jô – Ok, Nanda. Vou fazer a produção dela (pisca o olho). Então, ao invés do vestido, se usássemos este terninho? Fica bem chic!


Sirleide – Adoro essa palavra! Chic! Terninho!!! Deixa eu ver como é. (Gargalha) Minha filha, não vou fazer ixame de fezes não! Tá bêbada já é?


Jô – Não entendi, senhora. Este é um terninho em corte italiano, elegante para praticamente todas as ocasiões.


Sirleide – Minha filha, eu tô querendo ver um vestido de lantejola! Você não tem aí não?


Jô – Aqui nós chamamos de paetê.


Sirleide – Pá ê tê é tê pá pá tê tê. Minha filha, vc tá mangando de minha cara é?


Jõ – Como senhora?


Sirleide – Você tá mangando de minha cara é?


Jô – Deve estar havendo um engano...


Sirleide – Você tá achando o quê? Que espécie de estabelecimento é esse?


Jô – Acho que está havendo um mal entendido...


Sirleide – Mal entendido é o caralho! Ta achando que é o quê? Pois fique sabendo que meu avô foi o primeiro delegado de Jequié! Minha família toda conhece o prefeito da cidade. Ele vai tomar café lá em casa, e meus sobrinhos são assim com os filhos dele!


Jô – Minha senhora...


Sirleide – Pois a senhora está na casa do inferno! E se você quer saber, achei a cor dessa parede horrorosa! E que nunca mais piso nesse estabelecimento!


Fernanda – Gente, o que houve? Posso interferir em alguma coisa?


Sirleide – Eu vou é no PROCOM! Vim aqui comprar meu vestido, pra neguinho ficar tirando onda com minha cara, que nada!


Jô – Dona Sirleide, deixa eu explicar...


Cássio – O que houve meu bem!


Sirleide – Ói Cássio,você não se meta nisso não viu, não se meta não!


Cássio – Calma meu benzinho, calma!


Sirleide – Eu vou é me embora desse lugar!


Criança – Mainha, bora tomar um sorvete na Mcdonalds!


Black

Clara de Souza a Luis de Melo

- Não lhe disse há pouco que o senhor via as coisas através de um vidro de cor? É o óculo da fantasia , óculo brilhante, mas mentiroso, que transtorna o aspecto do panorama social, e que fez vê-lo pior do que é, para dar-lhe um remédio melhor do que pode ser.

Desencantos, Machado de Assis.

êah!

Perdemos, porque ganhamos
Sabendo disso, os jogadores
Lançam seus dados de novo.

Emily Dickinson

Flauta mágica

Às vezes, é minha forma de vomitar. Vai indo, indo e quando vejo, foi. Impulsivo. Me jogando, dançando no meio de um rítmo que meus ouvidos não conseguem saber qual é. Um oboé ou um fagote? Pratos ou sinos? Não faço a menor idéia de que música está tocando agora. Simplismente (não tão simples) vou dançando. Seria uma atitude saudável? (Incertezas...). Mas não estou muito para pensar. Quero dançar. Todos os rítmos. Pode ser uma fuga, sim. Todos fogem quando tem medo. Por trás de toda essa "segurança", há uma "segurança nada segura". E aí? Vai encarar? Pode ser qualquer rítmo. Você é eclético? Eu não sou. Já te disse que é uma forma, ou um processo de separação de misturas. Sacou? É exatamente isso. Um processo de separação de misturas. Como um precipitado útil de uma solução - passa-se por um filtro e separo esse precipitado da mistura. Deu para entender?

Cazuza, Cartola e um pouco de Mutantes

Agora eu vou cantar para os miseráveis
Que vagam pelo mundo dos derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pra pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo aquilo sempre que não têm

Preste atenção querida
Embora eu saiba, que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não seras mais o que és...

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguem que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lama!

Preste atenção querida,
De cada morto herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo.
Abismo, que cavaste com teus pés...

Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Pra essa gente careta e covarde!
Vamos pedir piedade!
Senhor, piedade!
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.

Mas as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer... e MORRER!!!

Como diria um amigo meu...

Quem é vc na noite???!
 
Fotografia de Diane Arbus

Medéia (soberba)

A única expressão que minha língua encontra para definir teu caráter, tua falta de virilidade, é o mais baixo dos canalhas. Vieste a mim, estás aqui, para quê, tu, ser odiado pelos deuses, odiado por mim e por toda humanidade? Não é prova de coragem nem de magnidade olhar na cara dos ex-amigos, na esperança de que esqueçam todo o mal que lhes fizeste. A isso se chama cinismo, e vem com as piores doenças do caráter humano - a falta de pudor, a ausência de vergonha.
(...)
Já morreu em mim há muito tempo toda e qualquer confiança em tuas juras. Acho até que acreditas que nossos velhos deuses já não reinam. Ou que estabeleceram novas leis para os mortais. Se não, como poderias justificar tua tremenda vilania? Olha minha mão direita, que tanto cobiçaste. E estes joelhos que abraçaste tantas vezes. Como deixei tuas mãos pérfidas me tocarem? Céus, a que coração traiçoeiro confiei minha esperança.

(Pausa)

Mas seja, vou me dirigir a ti como se fosses amigo. Embora saiba que não posso esperar qualquer gesto de afeto ou caridade de um ser tão indigno, sei também que minhas perguntas te obrigarão a te mostrares em toda tua infâmia.
(...)

O Louco



O Louco também representa a completa fé de que a vida é boa e digna de confiança. alguns podem achá-lo muito inocente, mas sua inocência o sustenta e lhe traz alegria. nas leituras, pode significar um novo começo ou mudança de direção – uma que irá te guiar por um caminho de aventura, mistério e crescimento pessoal. ele também te faz manter sua fé e confiar na sua intuição. se você está frente a uma decisão, ou a um momento de dúvida, o Louco te diz para acreditar em si mesmo e seguir seu coração não importando quão louco ou tolo seus impulsos pareçam ser.

Caminhos

" Quando viu Alice, o gato somente deu um largo sorriso. Parecia amigável, pensou a menina. Mas como tinha longas garras e uma porção de dentes, ela achou melhor tratá-lo muito respeitosamente
- Gatinho de Cheshire... - começou, meio timidamente, por não saber se esse nome iria agradá-lo. No entanto, ele sorriu mais. "Bom, ele parece estar gostando", pensou Alice. E prosseguiu:
- Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito para onde você quer ir - respondeu o gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o gato.
- ...contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
Como isso lhe pareceu incontestável, tentou lançar outra pergunta:
- Que tipo de gente mora por aqui?
- Naquela direção - disse o Gato, apontando com a pata para a direita - mora um chapeleiro. E aquela - apontou com a outra pata - mora uma Lebre de Março. Visite qual deles quiser: os dois são loucos.
- Mas não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui. "

Alice no País das Maravilhas