quinta-feira, 7 de março de 2013

Hamlet adaptado,

"ser, hoje, é melhor que não ser.
mas eis a questão:
será mais fácil sofrer na alma
injúrias de um mundo incompreensível e estereotipado
ou render-se à aculturação, ociosidade
e falta de perspectiva deste mundo?
morrer, dormir, querem isso.
E com o sono, dizem, extinguir
a luz do pensamento que me dá vida,
a singularidade.
eis uma consumação ardentemente desejável.
ser ímpar em um mundo par.
ser livre em um mundo preso.
sonhar... é disso que têm medo.

os sonhos que hão de vir
com a minha liberdade incondicional
os impede de aceitar, de ver o óbvio
e é esse medo que dá a minha vida
tamanha desventura.
pois quem pode ser feliz
quando lhe tiram a liberdade?

quem pode ser completo
quando se está sozinho?
quem pode ser bom
quando só lhe mostram o ruim?

disparidades ultrajantes de um mundo hipócrita.
mesquinhagem suja de vidas infelizes.
devemos morrer para manter calmas as águas,
ou bater as pernas com força
para respirar pelo menos mais uma vez?
neste mundo de águas paradas,
entre a morte e a luta eterna,
eu fico com bater as pernas."